segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

AS AMIGAS DA ALTERNATIVA

Inauguramos de forma rudimentar nosso primeiro VÍDEOQUIZ, feito como todas as nossas enquetes, filhas do mesmo pai que é o Acaso, para que essa puta mãe que somos nós possa se retorcer de dores infinitas antes de colocar no mundo o QUIZ DAS AMIGAS DA ALTERNATIVA.

Toda bi que se preze tem uma amiga racha, ou mais de uma, assim como qualquer dondoca que queira ter estilo precisa andar com uma biba lhe abanando a tiracolo, o que nessas terras tropicais é mais elegante do que uma echarpe de pele de chinchila em volta do pescoço.

Nestas três pequenas inserções de vídeo, confira três jóias raras de personalidades ímpares, convidando a programas também bastante alternativos, para você aquendar uma por uma, escolhendo qual delas levaria você a fazer essas coisas com elas. Dicas para férias ou fragmentos de bons momentos, espero que curtam.

A – A AMIGA POETA

Quando todo mundo imaginar que o assunto acabou, nossa amiga e artista Lilian Sarat, que não é nem um pouco mais doida do que nenhum dos presentes, vai nos brindar com algumas jóias poéticas de sua própria autoria compostas num repente de inspiração, talvez por um sentimento de melancolia desencadeado por uma iminente mudança de endereço. A interpretação é nossa. No vídeo, o momento é dela.

B – A AMIGA SEM COLARINHO

Quando seus amigos precisarem de uma força para consumir rápida e eficazmente quinze litros de chope num encontro casual entre amigos em que as pessoas não forem muito íntimas com a arte da retirada do precioso líquido de dentro da torneira, Nany Fadil, nossa top repórter, explica de forma sucinta como fazê-lo, sem deixar de lado a apologia ao consumo desta droga lícita que nos matará a todos brasileiros, ou pelo menos a nossa sede, enquanto a torneirinha não secar.

C - A AMIGA SOPRANO

Mais um recorde é batido nesta ocasião. Num dos momentos de maior adrenalina de sua vida, a nossa querida prima e advogada Ana Paula Cantão ultrapassa todos os limites das notas mais agudas e dos mais altos decibéis já emitidos no alto de uma montanha russa em todos os tempos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

ALTERNATIVAS PARA O SHOW BIZ

Por Kleber Garcia

É compreensível o nervosismo do motorista no cruzamento diante de um daqueles malabaristas sacudindo seus pinos acesos ou apagados diante do farol vermelho, no auge da pressa na hora do rush. Será que aquele que contribui com a sua moedinha realmente o faz por sentir-se entretido com o pequeno número? Fará parte da catarse buscada na arte o ímpeto de atropelar um artista circense sob a faixa de pedestres? Não se há de negar que é o tipo de intervenção que desperta sentimentos profundos, ao menos em parte de sua platéia.

Tive um sentimento de identificação com a coisa ao cair de paraquedas num bate-e-volta convulsivo até Sampa para assistir minha irmã fazer parte do coro de sua primeira ópera, Utopia, Limitada, título que resume o que já foi a idéia de se produzir ópera numa escala semelhante à européia aqui na ilha remota da América do Sul. Hoje, acreditando que a fórmula correta para auxiliar o desenvolvimento do potencial de jovens estudantes de canto lírico e instrumentistas de nível universitário, vindos de todas as partes, seria mantê-los participando de produções regulares, é que o Núcleo Universitário de Ópera vem trabalhando desde 2003 com a montagem constante de espetáculos do gênero num formato diferente do tradicional por considerar o contexto em que ocorre e o público a que se destina. Minha foto não foi com o rei bonitinho nem com os heróicos solistas que substituíram às pressas e em revezamento dois dos mais importantes personagens do enredo afastados por motivos de saúde. A foto é com a mais especial nativa utopiana, Patrícia Nascimento, dona da tatuagem da borboleta, no QUIZ DA TATUAGEM, publicada na nossa penúltima pesquisa de tendência, aqui muito mais bronzeada do que na vida real. O lugar é o Theatro São Pedro, um brinco de arquitetura bem pertinho do metrô Marechal Deodoro.

Porém, quando pensamos que hoje o mercado anda tão arrochado por uma falta de oportunidades na indústria do entretenimento, temos que acabar tirando o chapéu, ou pondo alguma prata dentro dele, para as estratégias de algumas pessoas com um dom talvez não tão artístico quanto panfletário. Nós mesmos, que batemos o cabelo semanalmente numa saga quixotesca em busca de um público significativo, temos muito a aprender com uma gente que tem muito mais que talento, tem sobre tudo a coragem. Que outra forma de se vender um CD ou DVD numa época em que os gigantes fonográficos arrancam seus cabelos em desespero na busca inútil de uma alternativa para conter os milhões de downloads de som e vídeo e da pirataria generalizada?
Num vagão da CPTM entre Santo André e o Brás, estressados com a rotina do vai e vem diário, nós mais do que todos, assistimos a intervenção ilícita de uma dupla de repentistas que vendiam seu peixe em faixas independentes separadas pela chegada a uma estação e outra, quando, camaleônicos, voltavam a ser passageiros por alguns segundos para driblar a fiscalização que reprime o comércio ambulante nos trens. Uma vez em movimento, sacavam pandeiros de brinquedo e apresentavam suas emboladas ensaiadas e improvisadas arrancando no mínimo sorrisos de uma tripulação endurecida como os próprios artistas. De um ponto de vista cavernoso, e por isso mesmo hilário, o ódio pela sogra, a conclamação para a surra em homens que usam brinco (letra da embolada ao lado) e mesmo um réquiem para Isabela Nardoni estão contidos no CD que eles deram conta de nos vender a módicos R$5,00, além de posar para a foto tímida. Seus nomes no CD são Ivan e Erisvaldo, embora no áudio o Erisvaldo é sempre pego chamando o parceiro de Eri, lapso que acomete os mais fiéis casais, mas que aqui acho que se deve a própria instabilidade do mercado em termos de mão de obra. Pois se até nossas divas solistas têm que ter substituídas na hora “H”, que dirá nós pobres mortais.