segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

DOMINGO INSENTÁVEL

foto gentilmente usurpada do facebook do Ricardo Boni, que também esteve lá

Conosco e com a numerosa platéia do Janeiro Brasileiro da Comédia acotovelaram-se centenas de bibas posers, ansiosas por ver ao vivo aquilo que até então só conseguiam compartilhar pelo YOUTUBE ou por cópias piratas das cópias piratas das amigas. É certo que o domingo e o fato do ingresso ser de graça ajudam a estabelecer a muvuca generalizada, mas havia sim um quê de tietagem diferente da que se espreita no teatro daqui em eventos deste tipo. Há uma hora do início da peça, abrem-se as portas e as pessoas esparramam-se pela platéia demarcando os melhores lugares com suas nádegas. Nádegas inquietas começam a procurar o melhor lugar no chão, no colo de alguém, nos cantos, nas beiradas. O teatro está completamente lotado e as pessoas não param de entrar. Claustrofobia.
A organização erra no vídeo a exibir-se antes para distrair-nos. Acho que a Cher agradaria mais. Por fim, as bibas que esperavam rir das mesmas piadas que já tinham de cor não se decepcionaram. Com algumas variações, Agnes Zuliani e Roberto Camargo fizeram a platéia rir até do que não pretendiam, tamanha a receptividade do público. O exercício de dramaturgia que é o stand-up é executado de forma brilhante, mas os 55 minutos que a peça tinha no programa foram na prática 1h45min, para formigamento das bundas do chão e cansaço do público. Faltou uma cervejinha e uma porçãozinha de provolone, alguns foram embora antes, infelizmente um número insuficiente de pessoas para que terminassem todos sentados. De quem se perguntar ouvir-se-á a resposta de que a peça foi muito engraçada, mas cansativa.
Ainda assim, existe nesse humor aparentemente cru e visivelmente esgotável enquanto espetáculo um dinamismo e uma flexibilidade temática que só a passagem por vários profissionais diferentes nos permite observar, e que transforma tal comédia num instrumento poderosíssimo de crítica social, política, comportamental e ideológica muito mais contundente do que o dos grupos que se perdem na pesquisa histórica e estética. Todos têm o seu mérito, mas é a atitude do público, que nem sempre reflete seu gosto, que sufoca a produção de coisas diferentes, originais e que fazem pensar. É esse movimento tolo de seguir uma massa sem saber o porquê. Falando nisso, segue a gente, gente. No twitter também @Rotativas

domingo, 30 de janeiro de 2011

CHUVA DE GRANIZO INTERROMPE APRESENTAÇÃO DE ESPETÁCULO DE RUA DE CURITIBA EM ENGENHEIRO SCHMITT

Mais uma vez a platéia de Rio Preto se desloca em direção à Engenheiro Schmitt para assistir ao teatro que foi atrás de onde o povo está. Nem pensar em se sentir deslocada naquela praça longínqua, a platéia era toda muito familiar, exceto pelos habitantes do lugar, sentados em frente de suas casas, com o som alto do carro estacionado na frente tocando um sertanejo, assando carne, fazendo chacota com as figuras diferentes que estacionavam em volta da praça para assistir à peça, vindas de Rio Preto. Os nativos pareciam estar muito ocupados com as suas próprias coisas naquela tarde de sábado. Teve que se pedir colaboração, os atores se incomodaram também com o ruído de uma moto logo ao lado da cena. Ainda antes da metade da peça um temporal desaba sobre o distrito de Engenheiro Schmitt, cancelando a apresentação interrompida em seus primeiros momentos.
Foi uma grande lástima para nós, que ainda estávamos no meio da leitura daqueles detalhes riquíssimos das máscaras, do rústico complexo dos figurinos, os personagens se apresentavam ao público como os estereótipos mais comuns do povo brasileiro retratados em figuras que remetiam aos personagens da Commedia dell Arte. Nos impressionou como tudo aquilo que tinha um ar de precariedade era extremamente funcional para as cenas, mesmo diante das intempéries que já rondavam a praça onde acontecia a performance antes da chuva, que foi de granizo. Um grupo menos consciente já teria perdido metade dos adereços levados pelo vento.
A razão pela qual não conseguimos ter visto ao menos mais dez minutos a mais de espetáculo foi a gravação que era executada pelos auto-falantes da igreja da praça exatamente às seis da tarde, a "hora da Ave Maria", horário que havia sido agendado como de início da peça.
Amaldiçoei todos os responsáveis por não termos visto no que aquilo ia dar, inclusive São Pedro. Na verdade os céus só nos mandavam o recado, em parceria com os deuses do teatro, de que aquele território era deveras inadequado para tal evento, de que aquela manifestação artística era intrusiva e não eram eles, os moradores de lá, que nos atrapalhavam, nós atrapalhávamos seu sábado. Voltamos temendo que as pedras de gelo danificassem a lataria do carro. Curiosamente, nem uma gota de chuva havia caído sobre a cidade de São José do Rio Preto naquela tarde.

Veja que linda a abertura, a proposta da Princesa Diva.
Repare em como não havia nenhum sinal de que aquela tarde seria chuvosa.

sábado, 29 de janeiro de 2011

LOS HERMANOS BROTHERES EN LA ARENA FATAL

Os Irmãos Brothers aterrissam em São José do Rio Preto com o perfil dinâmico e superexcitado que temos de sua direção na mídia, além de um espetáculo composto de uma trilha que achamos o maior barato, e uma inclinação para o circo talvez maior do que para a própria comédia, ou para o próprio teatro. Nesta altura do Janeiro Brasileiro da Comédia, onde o público se farta de todas as linguagens e possibilidades, é como se, no rodízio, a imagem do sangue começasse a perder aquela obscenidade convidadiva e apetitosa para dar lugar a uma repugnância nauseabunda e tétrica. O momento, mais do que o trabalho, causa tais sentimentos.
Eles fizeram um pouco de malabarismo, um pouco de acrobacias, um pouco de dança, um pouco de teatro. Vamos abrir um parêntese para a contorcionista que fez muito contorcionismo, a ponto de surpreender e tornar-se dramático em alguns quadros. Talvez não seja exatamente pouco e teve um mérito em termos de entretenimento, mas ocupou de forma tímida o espaço tão recentemente demarcado de forma tão contundente. Havia, nalguns lapsos dos números, uma impressão de cansaço, um tremor inseguro, uma amarelidão no sorriso, que os braços estendidos em V ao final do número, por meio da platéia letrada, convertiam em aplausos.
A fila do Janeiro Brasileiro de Comédia é um desafio, o ingresso nem sempre é certo. As oficinas são doses homeopáticas de informação para as almas mais dispostas, que definitivamente não fazem parte daquela chamada "classe teatral" rio-pretense, mas todas essas vivências são oportunidades ímpares de atualizar-se em comédia, renovar-se em produzir riso de forma consciente e profissional. Seria muito bom que esses grupos que participam do JBC pudessem, além de exibir-se, comungar, interagir, debater teatro, não só com os nossos mediadores ou com a platéia daqui, mas entre si também. Seria uma experiência restauradora para muitos de nós. Nunca estive mais construtiva. Não percam a de amanhã.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

SACI É O MUSO DESTE JANEIRO BRASILEIRO DE COMÉDIA

foto gentilmente usurpada do facebook de Ricardo Boni

Não havíamos resistido à tentação de aquendar várias das esquetes da peça no YOUTUBE depois de termos linkado a virtuosa cena do Musical da Disney em uma postagem remota sobre o evento. Já sabíamos que riríamos muito e do quê, e o grupo não nos decepcionou, causando certa polêmica entre nós sobre quem consideraríamos o melhor espetáculo e outras questões de blogueiros desocupados como nós. Humor surreal, interpretação natural, identificação inevitável do público e riso ininterrupto.
Vamos dar um desconto para a substituta da atriz que vimos no vídeo do youtube, sabemos como são essas coisas. Atingir certos agudos estabelecidos por nossos antecessores pode ser desafiador, conforme a diferença de ares a que a gente se desloca atrás de um bonde andando. O Saci será eleito sex symbol deste Janeiro Brasileiro de Comédia. Deu-nos um pouco de vontade de ter sentado ao redor da cena em arquibancadas, como vimos no vídeo, mesmo que sem as almofadinhas com que as crianças brincavam antes da peça da Fronha na escola do Jaguaré. Pareceu-nos que de trás da platéia do Nelson Castro cheio foi um pouco difícil ouvir com nitidez todo o show acústico. O resto são confetes e boladas com as quais a gente ainda sonha, acordando em convulsões de hilariedade e vontade de fazer também com diferentes alvos, conforme a ocasião.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

MOMENTO DE SUSPENSE COM O GRUPO FARSA


O Grupo Farsa, de Porto Alegre, brindou a platéia do Janeiro Brasileiro da Comédia da última terça-feira com o momento do mais ímpar e magnífico suspense desta edição, quando após uma clara oscilação do CD que continha o playback das canções que eles cantavam ao vivo, dois dos mais jovens atores do grupo se viram na urgência de solar a capela uma canção que trazia na letra uma reviravolta importante na trama picaresca de sua tradicional versão da peça de Molière.
O terror veio natural à platéia, como quando um trapezista cai por uma corda que se arrebenta ou uma dançarina vai abaixo com um palco que cede. Num primeiro momento, pensamos numa licença musical que introduziria um momento hip hop no minueto do espetáculo. A cena continua, o som cessa, para novamente voltar a tocar do início com o mesmo breque de CD riscado. Silêncio. Ouve-se o gemido do experiente criado de Harpagão lançando para os dois solistas a nota com que deveriam começar a melodia. O galã avança e começa confiante arrebatando o público com sua bravura enquanto a mocinha se deixa contagiar pela mesma garra. A platéia tenta ajudar com as palmas. Atrapalha, porém pouco importa, atores e público compartilham um momento de uma adrenalina cúmplice, ficando claro o calor, cavalheirismo e generosidade da platéia rio-pretense.
É óbvio que nunca tais circunstâncias poderiam se dar se não ocorressem inadvertidamente em meio a uma performance encantadora de um elenco lindíssimo, afinado e talentoso que fazia iluminar aquilo que de mais brilhante o espetáculo trazia: sua direção, seu ritmo, seu tempo milimetricamente aproveitado para dar à platéia a experiência de viver um dos grandes clássicos do teatro universal de forma tão digna, de ter a impressão de estar vivendo naqueles tempos do Rei, em que um lapso da natureza do que ocorreu com o som poderia resultar no guilhotinamento de alguém, talvez o sonoplasta, talvez o diretor. E é por isso que nossa repreensão também vai para eles, que não façam isso com o coraçãozinho dos pobres atores, invistam numa mídia mais confiável.

FEIJÃO NO ORÉGANO

se eu fosse mulher, eu seria a madrasta

A melhor coisa da ambientação da peça, com os atores dizendo coisas por trás das chapas de raio-X ao som de música eletrônica antes do início da peça, foi a supressão daquelas duas vinhetas insuportáveis que precedem todos os shows nos nossos teatros municipais e a sensação de que iríamos direto ao espetáculo. Não foi bem assim. Uma voz em off se dá ao trabalho de resumir a proposta da dramaturgia do espetáculo, como quem justifica uma possível ausência do riso por conta de um senso de humor seco e sarcástico, características que se declaram ser argentinas no espetáculo, com a mesma energia de quem clama para si a posse das Malvinas. Creio que tenha sido esse o motivo da escolha do tango para a trilha sonora. Assim como o samba e a selva ajudam a criar a atmosfera de brasilidade, cintas-liga e espartilhos nos levam direto a Buenos Aires, ou assim se acredita em São José do Rio Preto, em uma tendência estética de se colorir espetáculos com passos de tango.
O texto, que trata do caos, do fracasso, do autoritarismo, vai ganhando vida em nuances e acertos da direção, mas a distância que separa a performance da obra em si talvez seja uma profundidade, uma maturidade, uma densidade que tornaria a graça mais natural, uma compreensão individual dos atores sobre os sentimentos que envolvem os personagens e os diálogos, e o que realmente resulta em riso no público. Não a ira, mas a ironia. As piadas nonsênsicas do texto ganham bastante ênfase com os silêncios prolongados, quebras de ritmo, breques de que a direção abusa, que resultam tanto em excelentes momentos quanto em cansaço do público.
Não há dúvida que o reconhecimento do espetáculo no FIT é merecido, principalmente pela qualidade técnica da peça, pela energia corporal do elenco e dedicação da direção neste contexto nem sempre tão favorável, que é o daqui, para uma pesquisa séria comprometida com a superação dos próprios limites e desenvolvimento intelectual dos participantes do processo. Estamos atrasados com a aquendação do JBC, mas continuamos na platéia e temos pendências a redigir. Aguardem.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

CIRCO DE ESPECTADORES


Foi com dor no coração que deixamos de ver a peça de Salto, Circo de Bonecos. Depois de alertarmos nossos leitores sobre os perigos da imperícia da imprensa na prática do teatro, eis que nós mesmas fomos bovinamente levadas a ir ao teatro no horário errado por ter confiado NAQUELE SITE. Nós inclusive trocamos o link do ícone ao lado por algo mais parecido com o programa que está sendo distribuído gratuitamente no evento. A peça, que aconteceu no horário da manhã, no domingo, e à tarde, no sábado, foi divulgada como sendo às 20h em ambos os dias no site. Nós inclusive demos carona para uma descontraída espectadora, que como nós, deslocou-se àquelas paragens para encontrar o teatro vazio.
Em algum momento do Janeiro Brasileiro da Comédia, a platéia sempre terá a sensação de que o palhaço é ela mesma, quando por exemplo você entra numa fila para a aquisição de ingressos antecipados gratuitos, um por pessoa, e por alguma razão se vê tendo que sentar no chão. Essas coisas só engrandecem o evento, lisonjeiam os artistas e enrijecem as nossas nádegas. A platéia se avoluma, se acotovela, se pisoteia, se morde e se belisca para ver os seus astros... Acho que estou exagerando, mas contratempos assim não nos impedirão de continuar aquendando essa riquíssima flora, mesmo que seja em sonho. Em breve, um teatrinho maior para resolver isso. Como será que será a fila?

domingo, 23 de janeiro de 2011

O GORDO E O MAGRO NÃO VÃO A LUGAR ALGUM


Casa cheia como se espera do Municipal num sábado à noite de Janeiro Brasileiro da Comédia. Ao contrário da Fronha, que foi lá aonde o vento faz a curva se apresentar para praticamente ninguém, o grupo In.Co.Mo.DE-Te sentiu todo o nosso calor, porém não nosso desconforto ao sentar no chão, depois de acharmos que tínhamos tempo para uma cervejinha no bar da esquina antes da peça, afinal os ingressos são retirados uma hora antes. Enfim, acabamos vítimas do overbooking, prática comum nas melhores companhias aéreas.

Quanto ao gordo e o magro, lá estavam eles presos dentro de uma peça beckettiana, sem saber para onde ir, que fazer, seu futuro ou seu passado, e novamente em preto e branco, como em DENTROFORA, do mesmo grupo. Será uma trilogia? As caricaturas de Laurel e Hardy agradaram o público com suas gags intermináveis e essa brincadeira sobre o nada. Assim como o espetáculo da Cia La Minima, a mistura de linguagens e temas clássicos faz a singularidade do espetáculo. Parece que esta edição está mais cult, ou é impressão nossa. Vale a pena a aventura de se obter um ingresso. Lembrando que é um por pessoa mesmo!!! Ou como na dica que demos no ano passado.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

MORDENDO A FRONHA

Hoje fizemos uma longa jornada até a escola Ruy Nazareth, no Jaguaré, periferia de Rio Preto, para ver o teatro do Janeiro Brasileiro de Comédia ir aonde o povo está. Testemunhamos uma porção de lugares vagos, além de cadeiras excedentes sequer desempilhadas. AS CAIXAS, AS TROUXAS E A FRONHA, do Grupo Cara de Anjo, de Brasília, foi assistida hoje por uma platéia de aproximadamente trinta pessoas. Uma pena se você pensar na estrutura que se move até essas paragens e no quanto ela custa, principalmente se considerarmos que uma boa fatia da pequena platéia era de gente como nós, que já nos enfileiramos em frente ao Municipal, Swift, Nelson Castro, SESC, e que desta vez nos aventuramos no google maps tentando encontrar tal endereço a tempo de não nos atrasarmos. Tivemos sorte, nem os quinze minutos usados para esperar que mais gente chegasse funcionaram. A distância que separa os espetáculos do Janeiro, do FIT, deste público para o qual a Prefeitura direciona esses espetáculos é mais do que geográfica e será estreitada por ações que envolvem outros departamentos, além do de cultura.

E então, conhecemos a Fronha. Impressiona o talento em fazer a trilha do seu espetáculo com a voz, com a canção folclórica e com a interação do público, a forma como cada um de nós consegue se sentir visto, cuidado por olhos presentes, apaixonados, como os que cantaram para o voluntário da platéia. Nós torcemos pela chave da casinha, rimos, ao menos por algum tempo. Isso consegue quem pratica esse tipo de doação no ambulatório, onde por mais que não seja absolutamente voluntário, o dinheiro deve ser apenas parte do que realmente é a paga. E nós até dançamos ciranda com a Fronha. Decepciona o ritmo, sentir que as piadas estavam distribuídas, mas não estavam compartilhadas e que a artista esforçava-se em buscar esse ponto em comum, sem encontrá-lo, sobretudo no contexto extremamente artificial em que se encontrava. Fico sentido da Fronha não ter tido a oportunidade de receber mais do grande calor que tem o público daqui. Se em janeiro de 2012 o mundo não tiver se acabado eu gostaria mesmo de ver a trupe toda dela junta fazendo música, que mostrou-se ser o forte de seu trabalho.

CUIDADO COM A IMPRENSA

Uma péssima idéia para quem quiser ficar por dentro do Janeiro Brasileiro de Comédia 2011 é consultar os jornais de São José do Rio Preto. À medida que a programação das edições se espalha pela cidade, abrangendo diversos locais, tornando as coisas mais complexas, e as administrações esquematizam formas de tornar a distribuição de ingressos mais justa, a imprensa escrita vai cometendo toda a sorte de erro de hora, local e espetáculo. Foi comum também a confusão entre os dois eventos de teatro que acontecem em janeiro: o R$1,99 e o Janeiro da Comédia.
fila do ingresso aguarda repórter colher as expectativas de casal para poder seguir adiante

Quem tiver espetáculo de rua para apresentar deve tentar fugir da van da TV TEM, cujo motor barulhento alimenta as baterias do equipamento de filmagem, a menos que a sua peça não tenha áudio nenhum. Para hoje, nos certificamos do local da peça da palhaça Fronha, a escola Ruy Nazareth, clique aqui para o endereço. Abaixo você aquenda uma foto da escola hoje de manhã para você reconhecer à noite.

o muro tem esse padrão por todos os lados, é fácil de encontrar

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

LA MINIMA ABERTURA DEL JANEIRO BRASILEIRO DE LA COMEDIA

Pouca pompa, vários lugares vagos no teatro até alguns minutos depois do início do espetáculo. A moda que se tornou a execução de duas vinhetas antes das peças: a do teatro, a do evento, campainhas. Vale a pena as precauções a serem tomadas para não se perder a programação gratuita do Janeiro Brasileiro de Comédia: chegar cedo, enfileirar-se e esperar a bilheteria começar a distribuir os ingressos que se esgotam instantaneamente. Desta vez, parece que a gratuidade do evento afastou um pouco o público e tornou nossa noite mais confortável.
Sobretudo quando sobe o pano e a gente passa a rir da dualidade da personalidade de todos nós. O público toma a poção que libera de si seu id maligno e calvo, e o sintoma é uma barragem de gargalhadas cruéis e obscenas como a do pequeno Hyde. O tema e enredo exaustivamente desenvolvido por cada uma das gerações que seguiram o surgimento do conto ganha uma leitura circense cheia de jogos cujos jogadores já jogam tão bem.
Mais do que nos Palhaços Mudos, usar e abusar da ofuscante presença do Fábio Esposito é um dos vários trunfos da peça. Seu esquartejamento só lhe potencializa a expansão. Ele é uma metralhadora de gags, uma imagem que nos desvia do foco principal, o pivô de um jogo matemático e meticuloso entre os participantes, uma baforada do aliviante cigarro antes do início de mais um ciclo, o do disputado riso do Janeiro Brasileiro da Comédia.

Poole

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

DESCULPAS E AGRADECIMENTOS DO QUENDAR

Nossas mais sinceras desculpas aos espetáculos O PEQUENO PRÍNCIPE e SONHOS DE PALHAÇOS por não termos tido a competência para ir lhes aquendar, de tão reais cidadãos que somos, além de pseudo-aficcionados em teatro. O mau tempo, o mal estar e a má vontade talvez nos tenham impedido de comparecer espiritualmente a mais do que aquilo em que faltamos fisicamente. De modo que também nos justificamos com a classe pelas nossas palavras nem sempre lisonjeiras, mas esta é a maravilha da democracia, e a arte é livre. Rio Preto tem proporcionalmente muito mais teatro do que outros lugares ao seu redor. É um lugar que abriga eventos significativos do teatro nacional e internacional, possui uma classe organizada... enfim... A quem muito foi dado, muito será cobrado. Está sendo muito bom amadurecer com todos vocês.

ator da Princesa Diva, divina...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

ECLIPSE DRAMÁTICO

O teatro vai ficando mais confortável, os lugares mais fáceis de encontrar, a platéia fica mais rarefeita, o evento se aproxima de seu final. É o crepúsculo do dia 1,99 de 2011 , ou a alvorada para o sonho noturno desse teatro infantil local. Em Sol&Lua, algumas crianças e adolescentes descobrem o peso do teatro, espantam-se com seu tamanho, talvez reparem nas gargalhadas do público e reflitam no que as causa.
Assisto ao espetáculo de tais descobertas com uma curiosidade quase científica, pedagógica, como quem investiga o que impede os verbos de concordarem com seus sujeitos nas boquinhas dos meninos, ou os adjetivos com seus substantivos. Me faz pensar também sobre o que nos impede de legitimar o nosso próprio sotaque do interior paulista sobre o palco, e por que tal modalidade que carregamos conosco no cotidiano nos desagrada tão profundamente em cena. É parte de um feitiço de uma bruxa muito má que quis separar para sempre a realidade de tais meninos do mundo de sonhos de onde foram arrancados.
Me impressiona aquilo que eles trouxeram de mais expressivo - um cantar moço, sincero, pedaço do mundo onde estão imersos, pop, reggae, hip hop, algo que se impôs sobre as bolinhas de isopor, sobre a marcação com movimentos desconectados de sua intenção, sobre as plumas, sobre a delicadeza feminina indisfarçável do Rei da Noite, sobre a descoberta do próprio corpo por ninguém menos que o grande São Jorge ou a impossibilidade de se ouvir os violões das canções que executavam. Tais circunstâncias se tornaram mais raras após a extinção do módulo com espetáculos do projeto Ademar Guerra da programação do FIT. Nos alegra que a Associart tenha essa abertura para a diversidade em seus eventos. Agredecemos, mas sabemos que não falamos em nome do público.


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

RESPONSÁVEL PELA PLATÉIA QUE CATIVA

Cativar é algo muito esquecido. Significa criar laços. Vê: cada platéia é para você como cem mil outras platéias. Você não tem necessidade delas e nem elas de você. Seu espetáculo não passa, para essa platéia, de mais um espetáculo igual a cem mil outros, e como cem mil outros, ele não nos quer dizer nada. Mas se o seu teatro nos cativa, teremos necessidade um do outro. A platéia será especial para você e você para ela. Ela se aglomerará em frente ao teatro faça chuva ou faça sol e disputará cada ingresso à unha como se fosse a suprema jóia do universo. Ela te aplaudirá de pé e torcerá para o seu sucesso. Da mesma forma, uma vez cativado pelo público, você terá necessidade de muito mais do que sons de aplausos. Cada gemido, cada sussurro, cada reação será para você um tesouro ímpar, diferente de tudo que jamais tenha experimentado e você amará sinceramente cada rosto de tal platéia.
E aqui está o segredo para tal teatro: só se consegue ver bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos. Os atores grandes esqueceram-se de tal verdade mas você não deve esquecer: foi o tempo que você gastou com a sua platéia e para a sua platéia que a fez tão importante. Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa, você é responsável pela sua platéia.


domingo, 16 de janeiro de 2011

RETROATIVA Cia de Bonecos

Estamos postando no dia seguinte sobre a peça de ontem por causa do grande evento que foi o aniversário de Brunna Valin. É possível que o efeito da grande ressaca também nos tenha impedido de reconhecer as imagens do espetáculo na net, que logicamente não tiramos nós mesmos na platéia, como a maioria das pessoas, porque somos civilizados e entendemos aquele áudio insuportável no início de tudo que se apresenta naquele teatro. Eles podiam variar um pouco a forma de tentar fazer tais mensagens inteligíveis para os aborígenes da platéia.

Por isso, se você quiser realmente ter uma idéia da peça, não se preocupe, comece clicando nesta parte do texto para aquendar um dos melhores quadros da peça. Vingativa é um potpourri de uma boa fatia do cancioneiro brega nacional com algumas pérolas da canção de libertação feminina e hinos LGBT universais nas boquinhas das graciosas criaturas do mundo mágico de João Guerreyro: uma grande variedade deles, com movimentos bem ensaiados e sem dever ao que de melhor se produz na TV no Brasil nesta linha.

Romance, separação e superação da lagartinha que já estava noutra de borboleta quando seu antigo parceiro finalmente resolve reconhecer o seu valor. Tarde demais, meu bem. I don't want you anymore!!! Nem todas as crianças compreendem isso, mas a fantasia dos bonecos daria conta do recado. Porém, se você prestou atenção ao vídeo linkado e a outros disponíveis, verá que há ainda algumas grandes janelas de black-out, escuridão eterna para alguns dos pobres bebês que abundavam na sessão. Vários grupos abusaram do escuro em nome do encantamento e promoveram o terror para algumas alminhas, irritação para a nossa, diante do pranto desesperado. Não percam: o contra-ataque da água sanitária.

sábado, 15 de janeiro de 2011

TRICICLO DAS BUGIGANGAS

foram surpreendentes as coisas que saíram de dentro do triciclo.

Todas as circunstâncias se encontravam favoráveis para o teatro na rua esta manhã. Na Praça Rui Barbosa não havia chuva nem van da TV TEM, o dia estava lindo. No palco, uma fantástica geringonça com que a gente fica com vontade de brincar também. Esse foi o forte da performance do palhaço Popó no teatro de R$ 1,99, uma interessantíssima engenhosidade nos seus truques, mecanismos, dispositivos, adereços e elementos cênicos, que traziam em si uma precariedade cômica e uma funcionalidade surpreendente, embora seja verdade que nem todos os truques funcionaram nesta manhã, sendo que alguns quadros eram antecipadamente encerrados pela sabotagem das condições do material, embora isso seja justamente o que torna tudo ainda mais engraçado.
Uma performance capaz de aglutinar o público em todo o miolo da praça, como faz um bom teatro de rua, com simplicidade e um certo lirismo. Na sequência deste evento, Rio Preto passa a receber palhaços de toda a parte, de onde comparações não são justas. Veja a entrada do personagem no vídeo, e continue nos aquendando.

Circo de Quintal hoje de manhã na Praça


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Bocaccione Nos Mil Tons de Beje

As crianças aprendem dos pais a usarem os celulares, tirarem fotos com flash no meio da peça e toda a sorte de selvageria, elas não nasceram sabendo como comportar-se na sala de teatro, mas é tocante ver como se dá o aprendizado do filho pelo pai e do pai pelo filho. Felizmente, sentei lá na primeira fileira, onde dói um pouco o pescoço, sequioso da catártica sensação de ser atingido pela baba exaltada dos atores. Os simpáticos bonecos serviram de escudo sem que tivessem ocultado o ator, que se vestia de branco no cenário de fundo preto, declarando sua identidade. Ritmo num elenco afinado ajuda bastante, e este cantou direitinho as excelentes canções que compõe a peça, trunfo do espetáculo, escorregando na verdade de seus diálogos. As crianças podiam ter oficinas de como fazer as figuras como as que compõem o Pássaro das Mil Cores. Dá vontade de fazer também.

Figuras de todos os tamanhos, resoluções cênicas simples, e uma estória que me fez lembrar a outra de Rubem Alves, também levada ao palco pelos nossos amigos daqui, misturando elementos amazônicos, mostrando como as crianças podem ser os instrumentos da providência dos deuses, tanto para a sagrada harmonia da floresta quanto para o seu desequilíbrio, como os personagens da lenda sobre o palco e os reais sentados na platéia.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

PINCELADA DE SENSIBILIDADE

Novamente um bom espetáculo contém o alvoroço da sessão pipoca da quinta à tarde. O fato de termos vistos pela primeira vez não significa que o espetáculo seja novo. Porém, uma das coisas que temos observados na Cia da Casa Amarela é um invejável repertório, variado em imagens, temas, cores e formas e ao mesmo tempo seguindo uma linha simples de um duo extremamente funcional, dotados de um lirismo orgânico, presentes e concentrados como quem já domina o ofício pelo exercício já longínquo da própria sensibilidade em cena. Teatro para todas as idades. Dá vontade de ser como eles quando crescer.

Introduzindo a arte de Vincent Van Gogh para as idades mais tenras, a dupla dá conta de falar sobre amizade, respeito, solidariedade... mas, sobretudo, o papel que a arte desempenha em processar as emoções de quem a produz, independente do talento de quem faz. A arte liberta, expressa, sinaliza muito do indivíduo para com si próprio, e além de profissão, forma de status ou ocupação, a arte melhora quem a faz de forma sistêmica. Arte deveria ser currículo escolar fundamental, de peso semelhante ao da matemática, da língua portuguesa, da física ou da química. A Cia da Casa Amarela é um agente deste ideal nesta terra árida em que vivemos.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

DOOUTRO LADO DO PANO

Do jeito que havia chegado a menos de uma hora antes do início do espetáculo, esperava ter que comprar os ingressos extras. Surpreso, descobri que havia ingressos regulares disponíveis, o que não quer dizer que eu tenha assistido ao espetáculo sentado porque algumas cenas anteriores à peça valiam a pena levantar-se:

crianças tentam distrair-se durante o pequeno atraso da peça

Tentamos nos concentrar um pouco mais nesta porque não havíamos assistido anteriormente. Falhamos. Acabamos nos perdendo na identidade do professor de inglês que trouxe uma caixa de desejos chamando-a de "box of desires", quando eu escolheria a palavra "wishes", e a do próprio Lewis Carol, que surge puppet minúsculo no início da peça e sai voando hipnotizado em direção ao país dooutrolado, juntamente com os irmãos Bruno e Sílvia. Penso que misturei um pouco as coisas, mas a peça em si é uma trama genérica baseada em Alice no País das Maravilhas. O adulto que existe em mim não curte muito o tipo de estória que se passa num mundo de fantasias porque os conflitos nunca são sérios suficiente para causar um temor sincero no público. A fantasia é tudo. Harry Potter, Lord of the Rings e outros filmes e contos do gênero me entediam por causa disso: nas batalhas sempre há uma forma do mocinho ferido mortalmente voltar à vida para garantir o final feliz, a minha caretice nunca me deixa apreciar a resolução desses problemas pré-resolvidos. Por outro lado, a criança que existe em mim, sabe que a ausência de tais questões requer da obra uma profusão de imagens, cores, movimento e sensações que o espetáculo, talvez propositadamente, economizou. Alguns dos elementos cênicos, como o regador gigante, a árvore com espelhinhos, o guarda-chuva-canoa, o próprio figurino, são lindíssimos, mas não constituem o que deveria ser a cenografia do espetáculo. Encantamento custa, e uma vez que os figurinos e adereços tinham cores e formas, como o texto continha descrições de cores e formas, tínhamos que vê-las, ao menos simbolicamente. Pobres das mães que têm de retirar seus bebês às pressas da platéia para que não incomodem o público com seu choro: pavor perante uma escuridão sem fim.

Isso não tira o mérito dos protagonistas da estória, atores da terrinha que, até o momento, chegaram o mais perto do que é um personagem criança do que outros grupos mais tarimbados. Testemunhamos o início de um processo que pode ainda render muito mais, e mantendo-se na estrada, pelo andar da carruagem, certamente estarão participando do próximo "Em Janeiro Teatro para Criança é o Maior Barato - Apenas R$ 1,99" em 2012, se até lá o mundo não acabar ou se o preço dos ingressos para as peças não aumentar.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

PAPAI E MAMÃE

Está difícil arrumar companhia para assistir ao Teatro de R$ 1,99 em Rio Preto. Todo mundo que você convida diz que já viu a peça. Nós também já havíamos visto a estréia no SESC de Marcelo Marmelo Martelo da, como diria Cleycianne, ungida Cia Azul Celeste, de modo que continuamos seguindo a linha comparativa que a repetitividade da programação nos possibilita:
Com muita satisfação deparamo-nos com o mesmo ator no papel de Marcelo, colírio do teatro rio-pretense, domando uma monumental platéia composta de crianças dos mais variados períodos de desenvolvimento, com mães em diferentes estágios de evolução, teatro completamente lotado, platéia acomodando-se aos quinze do primeiro tempo, usando a arma mais mortífera contra o caos de uma sessão pipoca de terça à tarde: o sensacional texto de Ruth Rocha, seu léxico, sua reflexão sobre a arbitrariedade do signo lingüístico de forma lúdica, para ser refletida aos oito anos de idade, executados com o time de quem compreendeu o senso de humor do público infantil. Defendemos a tese de que só a prática consciente desenvolve tais virtudes e esperamos que seja assim.
Mas para nós que já estávamos tão acostumados às figuras da Reni e do Aranha, resta-nos dar as boas vindas aos novos papai e mamãe e fazer votos que na nova estrada que talvez os aguarde possam beber dessa mesma fonte, mesmo não tendo a mesma oportunidade de iniciar na empreitada sob os olhares elogiosos e ao mesmo tempo frios dos que comparecem à uma estréia, que pegam o bonde andando, mas dão conta do recado. Afinal de contas, as tramas dos fios que fazem a capa de uma almofada em que se senta várias vezes não têm a mesma simetria que se espera de uma tela de projeção lisa, reta e plana, que se pretende usar por muitas e muitas temporadas, a superfície deforma a imagem como o tempo age na figura de todos nós.

WORKSHOPS DO R$ 1,99

O evento que temos a honra prestigiar em nossas postagens oferece também workshops, oficinas breves que trabalham aspectos bem pontuais. Elas começam hoje e são das 10h ao meio-dia. Confira a programação, vale a pena conhecer o espaço Fred Navarro, é um lugar lindo!!!


HOJE:

“A Palavra na boca do ator” com Juliana Calligaris

Instrumentalizar o ator (seja iniciante ou experiente) para compreender as pulsações, os rtimos corporais, as contrações, as vibrações e as contradições que a palavra falada ou calada causam dentro e fora do intérprete e em sua platéia. Um processo autêntico, individual e pessoal de criação com sentido e foco no trabalho do ator, pode auxiliá-lo a compreender que lhe é permitido ter autonomia para libertar-se de supostas regrais usuais que reduzem seu corpo apenas à simples condição de um porta-voz.

AMANHÃ

“O Treinamento do Ator” com Fabiano Amigucci

Partindo do princípio de que a ação cênica deve ser elaborada, o treinamento visa buscar a criação de partituras corporais que auxiliam o ator na interpretação e construção da personagem. Serão aplicados exercícios de criação e improvisação na busca de integrar o movimento do corpo com o texto proposto.
Dia 13

“Despertando potencialidades através do Teatro” com Walter Máximo

Partindo-se do princípio de que toda pessoa tem um potencial perceptivo, imaginativo e criativo não o suficientemente explorado e, às vezes, até tolhido, a atividade cênica (simbólica) pode ser instrumento para o desenvolvimento dessas potencialidades quando provoca a reordenação de experiências, transformáveis em novas idéias e naturalmente transferidas para situações reais.

Dia 14

“Uma conversa sobre o teatro pra criança” com Homero Ferreira

Será um bate-papo que visa analisar a importância que o teatro tem na formação e no desenvolvimento da criança, levando em consideração sua capacidade de pensar, sentir e fazer. Seja no aspecto pedagógico ou no aspecto artístico, o teatro tem o papel fundamental de auxiliar a criança no seu crescimento cultural e na sua formação como indivíduo. Vamos discutir a cerca do espaço que o teatro para crianças vem adquirindo e apontar caminhos para o teatro que será feito no futuro.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

AQUÁRIO SEM PEIXES

Nos beneficiamos do providencial atraso para chegar em cima da hora e encontrar alguns lugares disponíveis desta vez. A semana é definitivamente uma boa pedida se seu quesito for conforto. No palco, três atores, duas cadeiras, um balde, uma estante e muitos, mas muitos, mas muitos bichos de pelúcia mesmo, como em coro diriam nesta e em outra peça que já vimos aqui.
A Mulher que Matou os Peixes do Poleiro dos Anjos é uma espécie de jogral, em que seus participantes giram e se debatem em busca da criança que o conto de Clarice Lispector evoca, ou da pessoa grande que se comove diante das recordações de seu bichinho de estimação, mesmo que ainda seguro e confortável no achonchego de nosso lar, esperando-nos pacientemente chegar do teatro para um potinho de Wyskas - pensem naquelas centenas de gatinhos abandonados na Represa Municipal, carentes do nosso bem-querer.
Carentes de infantilidade ainda estavam os atores da peça, que após uma jornada ativa pelas estradas do prestígio, ainda não conseguiram atingir a fofura dos adereços com que contracenam nem da forma como o texto soa para quem o lê. O riso é garimpado na base de trejeitos e obtido onde não é necessário, se necessário. A Mulher que Matou os Peixes é uma estória para crianças e adultos, para crianças-adultas e adultos-crianças. A dinamicidade da direção, a exploração dos elementos cênicos, a trilha sonora de bom gosto desequilibram um palco em que os atores não tem peso. Sentimos a falta do Ricardo Matioli na mesa de iluminação.

domingo, 9 de janeiro de 2011

JOÃO E MARIA - NEW GENERATION

O Teatro Barato de R$1,99 é um sucesso avassalador. Os ingressos são mais concorridos do que os financiamentos do MINHA CASA MINHA VIDA. Hoje resolvemos compartilhar o esforço deste público que fritou ao sol à tarde e aguardou na chuva à noite para usufruir de um das dezenas de ingressos extras que foram vendidos uma hora antes da peça. Todas as pessoas com ingresso regular entravam primeiro e se acomodavam até que a turma da segunda classe pudesse entrar e escolher os lugares vagos, que eram muitos na hora da entrada; assim fizemos, e achamos que estaríamos muito confortáveis, até que a consciência nos fez levantar para dar lugar a uma mulher grávida e algumas crianças, que assim como alguns idosos orientais e madames atrasadas, não paravam de entrar e passar por nós, mesmo com a peça já avançada. Logo em seguida, a mulher grávida achou um lugar melhor do que o nosso, deixou vago para um guri, que não teve paciência para assistir sentado... e assim, vimos do chão o lugar que cedi sendo ocupado por uma série de pessoas durante o curso do espetáculo.

Todo esse malabarismo para conferir uma peça que já havíamos assistido em 2008, quando ainda era protagonizada pelo Thiago e pela Tauane, cuja melhora da performance tínhamos a esperança de testemunhar. Como não sabíamos dos novos rumos das vidas de ambos, fomos surpreendidos por um novo elenco mirim, em que o destaque foi o de um anjo Grabriel (na estória de João e Maria?) materializado em uma rechonchuda daminha de honra, que chacoalhava todo o cenário da casa, quando fazia sua etérea entrada pela janela. Com um pouco mais de energia do que seus pares em cena, ela arrancou da platéia o riso cuja origem talvez ainda desconheça, pelo muito que poderia ter peneirado e se aproveitado dele.

Não vamos contar aqui a trama de João e Maria, todos aqui a conhecem, vamos enriquecê-la com o relato do bicho papão que fazia parte do espetáculo, envolto literalmente em uma colcha de retalhos, ou com o giro MATRIX que o cenário dava às vezes sob os esforços hercúleos dos pequeninos atores que o empurravam. A platéia acompanhava com palmas vários trechos da trilha sonora porque coincidentemente era a mesma música da vinheta de abertura do evento. O grupo cumpriu a missão de entreter a monumental platéia acrescentando ao enredo clássico as circunstâncias capazes de estender a peça a seu tempo mínimo sem que nos entregássemos completamente ao sono.

Trata-se de um tipo de teatro de repertório em que o elenco se renova, a exemplo de grupos como o da OFICINA DOS MENESTRÉIS em São Paulo, em que jovens aspirantes à carreira tem a oportunidade de desenvolver-se executando o modelo já enformado, enquanto o espetáculo em si embolora, visto que será sempre crú daquilo que acreditamos ser mais no teatro, que é o humano.

sábado, 8 de janeiro de 2011

MOTOR DA VAN DA TV TEM ATRAPALHA ABERTURA DA MOSTRA

Nem mesmo a chuva que quase cancelou a primeira apresentação da mostra "Em Janeiro Teatro para Criança é o Maior Barato - Apenas R$ 1,99", e que provocou um atraso de quarenta minutos no início da peça, teve efeito tão nocivo para a apreciação do espetáculo pela platéia quanto uma van da TV TEM estacionada logo atrás da platéia como mostra o vídeo, com seu possante motor ligado.


barulho da van da TV TEM prejudicando a compreensão auditiva da peça

É bem verdade que alguns atores de "A Princesa Diva, Adivinha", não seriam ouvidos naquele ambiente mesmo com silêncio absoluto. De qualquer forma, em se tratando do poder de divulgação e prestígio de tal canal, a melhor opção para os organizadores presentes no evento foi desconsiderar o público e insistir naquele motor, que ao que me parece, devia estar carregando as baterias do equipamento de filmagem.

A ocasião não poderia ter sido mais propícia para tal espetáculo, no dia seguinte ao dia de Reis, funcionários da Prefeitura recolhiam a decoração natalina naquele exato momento. Tudo isso ornava muito bem com a proposta de figurinos e adereços do grupo, que remetiam a festas populares brasileiras, como a Folia de Reis, os passos de coco, a sonoplastia ao vivo. Algumas destas manifestações, que fazem parte do cotidiano de algumas comunidades, parecem exóticas para o olhar urbano de um morador de um lugar como Rio Preto, por exemplo.

figurinos e adereços antes do início da peça


A estória da peça remete a contos muito antigos no imaginário popular, clique no link para ler a respeito. Já tivemos a oportunidade de assistir a peça em 2008, durante o FIT, e de lá para cá, embora seja visível o amadurecimento individual de alguns de seus integrantes, percebe-se que pouco foi feito na melhoria do espetáculo em si. Embora o coro pareça mais afinado do que na ocasião, a rua exigiria dos atores ao menos uma oitava acima naquela canção de abertura para serem ouvidos pelo público. O recurso de bradar algumas das frases da letra foi bem prático para esse fim.

Ainda na comparação daquela performance de 2008 com esta, achamos que a rua ainda é um ambiente inóspito para tal espetáculo. Notamos que há maior utilização de elementos de percussão, há maior concentração e mesmo energia dos atores, mas que o céu aberto levou muito disso no vento sem que chegasse aos ouvidos do público, generoso como sempre. A mostra continua amanhã no teatro, mas convém comprar os ingressos antes, pelos motivos que os nossos leitores já conhecem. Continuem conosco e aquendem ao lado outras das nossas incursões teatrais. É só clicar ao lado.


abertura de "A Princesa Diva, Adivinha", hoje de manhã na praça Rui Barbosa

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

TEATRO BARATO


Começa a temporada de teatro barato em São José do Rio Preto. Isso não significa que você só irá assistir espetáculos de qualidade duvidosa, não! Esta edição do “Em Janeiro Teatro pra Criança é o Maior Barato – Apenas R$ 1,99” oferece aos grupos locais mais uma destas oportunidades ímpares de melhorarem aquilo que já vêm fazendo há certo tempo, como é o exemplo da maioria dos espetáculos, sobre os quais você pode ler um pouco mais a respeito clicando sobre aquilo que lhe interessa na programação do evento para 2011:


Praça Rui Barbosa 11h



Teatro Municipal "Humberto Sinibaldi Neto" 15h e 20h










domingo, 2 de janeiro de 2011

Ânus NOVO Ônus NOVO

Agora 2010 já era mesmo! Ao contrário do prometido, não nos foi possível publicar um QUIZ do ÂNUS NOVO, por uma série de compromissos familiares além do fato de que nenhum dos nossos integrantes realmente vive a situação no momento. Carregamos todos os mesmos cus de 2010 firmes e fortes para o ânus que se anuncia. Nem por isso deixa de ser conveniente que pensemos na situação de transição em que nos encontramos.

BALANÇO DO ÂNUS

Estivemos sentadas em diversas platéias neste ano que passou. Aquendamos espetáculos, paradas, baladas, livros, exposições e eventos em geral. Produzimos fotos, vídeos, questionários investigativos a respeito do comportamento dos nossos leitores e desde já agradecemos a todas as aquendações, lembrando que todos serão sempre livres para publicá-las no ato, sem nosso filtro, mesmo que estivermos tentados a tal. Tal função é o que vamos manter para 2011, com algumas surpresas reservadas inclusive para nós mesmos, começando o ano azucrinando o teatro desta cidade, que vai estar super acessível e principalmente barato neste mês de janeiro.

Por fim, desejamos a todos um proveitoso 2011, reforçamos o compromisso de estar com vocês, brincar com vocês, como a Xuxa, eterna e macia forever. Desejamos a todos, inclusive para ela, saúde, alegria, diversão e que neste Ânus de 2011, dinheiro deixe definitivamente de ser um problema.