domingo, 31 de julho de 2011

AQUENDA QUENDA NO QUENDAR

Hoje vamos aquendar a última noite da Mostra Interiores no SESC. Além de todos os curtas sobre os quais nós já postamos, vale mencionar esses dois internacionais para que você, que vive em centros mais bem estruturados que o nosso, possa ir procurar quando ele estiver pelas suas bandas. A gente manda um trailer de bônus de cada um dos filmes de que falarmos. A começar pelo poderosíssimo Contra Corrente:


Neste filme, homossexualidade, embora seja parte do conflito central, fica ofuscada pelo brilhantismo do roteiro e da concepção, de uma fotografia onírica de um lugar aparentemente perdido no nada, onde personagens pequenos como o vilarejo de pescadores em que vivem, são sacudidos pelo impensado romance de um misterioso forasteiro e seu líder de maior exemplo para as crianças. Um dos trunfos do filme é seu realismo fantástico, mas daí para frente, há que se assistir. É de cair o cu. O longa que assistimos logo antes desse foi Patrick 1.5. Veja o trailer do filme Sueco abaixo com legendas em inglês. Se a língua ainda derruba você, faça inglês no CCAA Just Kids.


Filme de ótima qualidade, com mensagem mais do que apropriada para a Mostra, acaba de forma talvez um pouco "final feliz" demais, mas não deixa de ser inspirador para nós, pessoas latino-americanas com vontade de ter um mundo mais feliz para os nossos filhos. Outro grande achado do evento.

Depois disso, a gente não poderia deixar de mencionar o nosso xará, QUENDA.


Embora um desses três personagens seja realmente autêntico, com uma postura realmente de inclusão e resistência por seu direito de ser quem é, as estórias dos demais não deixam de ser comparadas por nós com outro curta muito revelador sobre a maneira como caras como nós se sentem em NÃO GOSTO DOS MENINOS, este último não fez parte desta Mostra Interiores, ainda.

terça-feira, 26 de julho de 2011

GAROTAS DA CAPA II

Nas bruscas tentativas de ajustar-se à conveniência de sentido de nossa curva constante, mudamos nosso layout uma nova sequência de vezes para tentar definir os rumos de nossa produção. Aí vão algumas das nossas últimas capas:

As cavalas saltitantes do xadrez fazem menção saudosa à extinta Heaven, ponto de partida da nossa aquendação rio-pretense. Aqui, esboçávamos a intenção de nos mover por caminhos ainda inexplorados e inusitados para aquilo a que a nossa comunicação a princípio se propunha.

Já na fase de resgate da mítica borboleta azul do extinto grupo andradinense Quando Dá, começamos de forma bastante sucedida a aquendar teatro, sobretudo o FIT, embora outros eventos teatrais dessa Rio Preta também tem rendido certo pano para nossa manga.

Aí chega certa parte do ânus em que a gente ferve mesmo e se envolve com aquela que nos fez nascer, que é a Parada LGBT de São José do Rio Preto. Há boatos de que ela talvez não aconteça em 2011. Duvidamos. Estaremos lá para ver. Gritaremos para que ela aconteça e tenhamos o básico direito de nos celebrar. Aqui, na imagem, participamos do evento de 2010.

E, finalmente, nossa última proposta de falar sério sobre assuntos relevantes e de alta contundência. Fracassamos. Nossa pauta é mais normal que embalagem de maisena. É por isso que agora estamos como estamos, colhendo fruto por fruto de toda a tempestade a que tem direito aqueles que plantam vento. Bafo! Continuem conosco. Até a próxima.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

COUNTRY QUIZ

Inspirados nos mais efervescentes eventos que sacodem a nossa faroéstica São José do Rio Preto, propomos este novo questionário para a comunidade refletir sobre o nosso papel nessa estória toda.

1 - QUEM É VOCÊ NO BRETE?

A - UM TOURO BANDIDO

B - UMA VACA LOKA

C - UMA BEZERRA DESMAMADA

2 - O MAIS DIFÍCIL AQUI NO RODEIO É...

A - CABER NA MINHA CALÇA

B - NÃO SAIR PASTANDO DE BÊBADA

C - ESTACIONAMENTO

3 - SOBRE OS COWBOYS...

A - QUERIA SER COMO ELES QUANDO CRESCER

B - SÃO COVARDES QUE TORTURAM ANIMAIS INDEFESOS DE DEUS

C - CANSEI DE FAZER

4 - PARA NÃO DAR PINTA NO RODEIO EU...

A - NÃO PEÇO NEM A BÊNÇÃO PRO MEU PAI NA FRENTE DA GALERA

B - BEIJO UMA RACHA

C - FAÇO VOZ DE BOFE E CAMINHO COMO SE ESTIVESSE COM ASSADURA ENTRE AS COXAS

5 - NUMA ANÁLISE MAIS TÉCNICA SOBRE O ESPORTE ...

A - PULO FEITO UMA LOUCA, MAIS QUE OS TOUROS, ATÉ UM DAQUELES PEÕES ME MONTAR

B - UM CAVALINHO ENRUSTIDO É MAIS GOSTOSO DE MONTAR

C - COM CARINHO EU ENCARO ATÉ A ESPORA

segunda-feira, 18 de julho de 2011

QUENDAR AGRADECE AO FIT

Mais uma vez gastamos algumas dessas nossas páginas tratando do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto. Embora você não nos tenha aquendado tanto como no ano passado, atribuímos isso ao fato de que este ano a gente avacalhou bem menos com as companhias, dando a coisa um ar mais condizente com a nossa pretensa vocação de críticos teatrais. Escrevemos para o Bom Dia, demos nossa opinião para o Diário, fomos lidos e nos manifestamos sobretudo sobre as condições da platéia do festival.
Hoje, além de tudo o que já foi dito, vamos reforçar o repúdio à decisão tomada pela organização do FIT, com o apoio de grande parte da classe artística da cidade, de se restringir a participação somente aos grupos que tivessem DRT. Questionamos o pressuposto de que o teatro profissional signifique necessariamente qualidade, ou que o amador seja o contrário disso. Gostaríamos de ver, com coragem, uma seleção que não se limitasse a meramente cumprir a agenda dessa grande associação de festivais nacionais e internacionais do país, das entidadezinhas locais, de apadrinhados ou qualquer outra fórmula fácil e lançar-se ao desafio de analisar meticulosamente cada trabalho, como o objetivo de compor uma grade original e única, fazendo deste um festival diferente de todos os outros e não apenas mais um.
Ainda em tempo, gostaríamos de agradecer a quem nos leu durante essa nossa incursão teatral, desculpar-mo-nos por não ter conseguido ver vários dos espetáculos que participaram do FIT, sobretudo Gardênia, veja o trailer abaixo, de que tanto ouvimos e simpatizamos com o tema. Ainda vamos atrás de vocês, meninas, continuem nos aquendando. Nos próximos dias, fecharemos a longa aquendação da programação bafo da Mostra Interiores.

domingo, 17 de julho de 2011

FIM DO DESLIZANTE UNIVERSO DO FIT


O Universo deslizante do Duque Hosain'g, da Automakina de Pernas Pro'ar fica muito muito muito longe mesmo. Pra lá da Zona Norte. Há quem, na décima primeira edição do FIT, ainda não tenha aprendido a usar o google maps para descobrir aonde a Prefeitura decidiu exilar os grupos que rebocam dos mais diversos pontos do Brasil. É claro que a intenção aqui é o que conta, e funciona. Se eu comparar a cidade onde eu nasci, no Paraná, que tem o mesmo tamanho desta, onde obras de tamanho engenho, de grandiosa arte e de inquestionável poesia não tomam as ruas de forma tão institucionalizada, verifica-se que a população em geral entende a palavra "teatro" como sendo um prédio construído especialmente para "esse tipo de coisa", e único lugar imaginável para isso. Aqui, não. Desde muito cedo os rio-pretensiosinhos vão aprendendo o verdadeiro significado, mais verbal, do termo teatro. Isso é uma vantagem muito mais concreta em relação a outros centros e nos expandem a abertura das janelas que abrimos para perceber o mundo.
Falando em janelas, falando em entender o significado das palavras, fomos na mesma noite ao SESI aquendar a fascinante viagem dramatúrgica do espetáculo de Portugal. No vídeo abaixo, Tiago Rodrigues, seu criador e ator, fala sobre alguns dos temas que ele aborda. Preste atenção quando ele diz o que propôs sobre os políticos.



Mal sabia ele que o deputado mais votado da história do nosso país ganhou as eleições justamente afirmando que não tinha a menor idéia do que se faz um deputado. É ou não é? Será que nós no Brasil somos assim tão surreais ou a dramaturgia foi modesta demais ao jogar o suposto impensável na tela de um telejornal real? Vale dizer também que aqui no Brasil temos uma das melhores dublagens do mundo, o que não desmerece a impressionante performance do grupo. Embora algo que talvez seja mais profundo em termos de experiência reflexiva seja escolher que tubo de iogurte levantar a mão para pegar. Foi uma piadinha de português sobre nós, quando ele jogou de volta na caixa a garrafinha do honesto, supondo que não haveria nenhum numa platéia brasileira. Ele está no direito dele, se pensarmos no que de anedotas a literatura abunda sobre essa nossa relação tão fraterna com os amigos d'além mar.


É dessa forma, finalmente, que nós, brasileiros, portanto, acabamos por nos identificar com o Till, do fechamento do FIT 2011, pelo grupo Galpão. Heróis tortos capazes do impensável e do fantástico, tamanha essa nossa lábia e essa capacidade de dar jeitinho naquilo que parece sem solução. Nossa nação tem crescido sobre bases cada vez mais sólidas da desonestidade institucionalizada, da corrupção obscena e do desrespeito escandaloso sobre o direito do próximo. Haverá quem resgate nossa consciência do inferno? Como será que levaremos para casa todas essas coisas sobre as quais a gente tem o glamour de debater nessas ocasiões tão solenes, como o FIT, e tão vitais para o futuro e para o crescimento de todos nós? Por falar nisso, desta vez conseguimos chegar à represa a tempo de pegar o churros fresquinhos.
Bacana que exista gente em Rio Preto pintando as telas e a cara, panfletando, protestando abertamente, tentando tomar um outro caminho. Infelizmente, o teatro descansa para a maioria, mas há quem vislumbre para o futuro, por causa da demanda, um interminável FIT, constante ao longo do ano todo, mobilizando milhares de grandes e pequenas companhias todos os dias em todos os teatros e espaços da cidade, soterrando Rio Preto de turistas em todas as temporadas, espichando o centro verticalmente com hotéis de luxo, padrão, pousadas e o escambal, fazendo deste lugar um surreal palco nacional, digno de figurar inexplicavelmente nas manchetes de um jornal como o de SE UMA JANELA SE ABRISSE, do Mundo Perfeito.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

UMA MÃO PARA A CIA DOS PÉS


Quem se deitou na grama ao pé da caixa d'água à frente das cadeiras espalhadas atrás do Centro Regional de Eventos esta tarde teve uma visão bem diferente da nossa. Algo como se estivessem vendo a peça de frente, como se o chão em que as bailarinas pisavam estivesse mesmo na horizontal. No muro do SESC, um grupo de curiosos deixaram as suas atividades para ficar conosco hipnotizados pelas imagens vertiginosamente antigravitacionais da CASCA DE NÓS, da Cia dos Pés, que com seu caráter vigoroso e virtuoso, tem produzido algumas das coisas mais originais em termos de estética que se podem aquendar no teatro desta terrinha. Quem os acompanha, sabe que eles estão mais do que preocupados em pesquisar novas possibilidades dentro de algo absolutamente marcante e extremamente esgotável. O sol desta tarde impossibilitou a iluminação concebida para o espetáculo noturno, que não fomos ver, mas que em nada faltou diante da luz tão apropriada para o texto que tratava destas aconchegâncias.
A caída onírica de flores e fitas, os tules das bailarinas, as coreografias flutuantes, tudo isso se sobressai ao inevitável equipamento de rapel deste, de um anterior e quantos outros espetáculos a companhia encenar sobre o mesmo confortável palco. Vou soprar a dica de introduzir as inevitáveis cordas na dramaturgia do espetáculo, ou fazer daquele complexo mecanismo um adereço importante como o buquê, ao contrário do que seria um microfone, ou uma joelheira que se tenha que esconder. Todos esses ganchos e nós e cordas podem contribuir com significado, seja simbolicamente como tem preferido teimosamente o grupo no uso de seus elementos, seja na reconstituição de situações de realismo trágico ou mesmo fantástico, a que o grupo talvez tenha um inusitado potencial.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

OXIGÊNIO EM FORMATOS BIZARROS


Esta foi a mistura mais óbvia num título, para esta nossa mais nova embolação aquendativa de assuntos, uma vez que o FIT vai indo para o seu reto final e a Mostra Interiores se prepara para sair à tona. Bem que o ator de OXIGÊNIO faz lembrar algo do misterioso professor de literatuura do trailer do curta do nosso amigo Luffe Steffen, FUMAÇA EM FORMATOS BIZARROS. A apologia ao consumo do produto fumígeno é mais explícita no primeiro, embora sejam sobre cigarros diferentes. O ator da peça tem, porém, um espírito e performance anos luz sobre o do filme, bem como o elenco que o apoia. Agora, vale dizer que mesmo os formatos mais bizarros da narrativa e encenação que o espetáculo teatral se utilizou, na vaguidão que a sobreposição de temas resultou para ambos os trabalhos, há na peça mais êxito em nos dizer a que veio. Num empolgante jogo de palavra, corpo e música, fomos levados a viver a estória de um assassinato impulsionado por motivos afetivos ao ponto de tomarmos partido ora da vítima ora do carrasco, na legitimidade de suas posições, caindo um pouco em um cansaço vago quando os personagens dele e dela, monológicos, caíam em discussões mais acaloradas sobre grandes e diversos conflitos da geração a que todos aqui pertencemos. De forma geral, o espetáculo nos prende pela força de seus participantes, mesmo que não tivesse havido a apoteose da abertura da rampinha com a tampa de espelhos, o que pode ter causado a vertigem que levou aquela loira, que não conseguiu descer do alto da arquibancada a tempo, vomitar na porta da Swift. OXIGÊNIO nos oxigena, mas também nos oxida em seus trechos mais grandiloquentes, umedecidos pela verborragia.


Quanto ao Luffe, cujo curta é parte da programação da mostra que começa no SESC dia 28 deste mês, nos deve ainda a visita para filmagem das BICHAS GALOPANTES, projeto que nos prometeu levar adiante num tempo em que ainda tínhamos energia para o protagonizar. Agora somos tias manquitolas, que ao invés de bater cabelo, perdem-no ou veem-no ficar branco. Quem sabe se fizermos uma ópera? Teremos todo este gás? Abaixo, vai o trailer do filme. Aquende.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

MEIRE LOVE PRA VIAGEM NO SAQUINHO

fotos gentilmente cedidas pelo nosso amigo Ricardo Boni

Como num impensado experimento teatral, nos vemos diante de um efeito Frankenstêinico, com personagens de olhares e vozes carregando um bocado fabuloso de alma, dando vida às meninas de que a estória se trata, narrando suas rubricas sentados, ao invés de encenar com algum deslocamento, em seus banquinhos, com seus bustiês desconcertantes e seus saquinhos plásticos. De vômito? Não. Nós da platéia faríamos bom uso duns desses em outros espetáculos. Aqui eles eram sistematicamente cheios de ar dos pulmões dos atores, com muito mais vômito e outas substâncias fluidificadas em seu interior do que o olho nú a princípio julga. No sonho distante do príncipe encantado estrangeiro, as prostitutas adolescentes usam um texto cru e por isso lírico ao mesmo tempo. É difícil não ver algumas caricaturas ou estereótipos em alguns momentos, mas são frutos da experiência cênica em si e do impacto da figura masculina interpretando tal texto. Quanto aos banquinhos, não me pareciam mais confortáveis do que os da nossa arquibancada. Proposta extremamente audaciosa, principalmente se você pensar na polêmica proibição do uso e desperdício das famigeradas sacolinhas plásticas.




domingo, 10 de julho de 2011

PRA INGLÊS VER

Você não faz idéia de como é a vida lá no Irã. Nem eu. Mergulhar na trama de WHERE WERE YOU ON JANUARY 8  envolve uma série de descobertas sobre um mundo muito muito muito diferente do nosso, num incidente que tem lugar numa noite de neve num ensaio em um campus, donde uma "peruca" desaparece. É preciso agilidade para acompanhar o dinamismo dos diálogos ao celular (os nossos tiveram que ficar desligados) naquelas legendas que diziam tão menos do que a gente sabia que eles deviam estar dizendo naquela língua que não conseguíamos entender. Dividíamos essa sensação com a outra metade da platéia, que víamos logo de frente, em arquibancadas que limitavam uma cena retangular e comprida, repartida em três gomos por banquinhos e com projeções em cada um de seus extremos. Tínhamos quatro pontos disponíveis para lermos legendas, dois para cada lado da platéia. Alguns da platéia, esqueciam das legendas e fingiam que estavam entendendo, outros dormiram, a maioria fez uma viagem individual rumo à sua própria compreensão da peça.
Dispor de teatro para entender a vida de um jovem naquele lugar tão diverso, donde o teatro há pouco era banido política e religiosamente, envolve consumir uma tradução sofisticada para o teatro ocidental de uma cultura de manifestações artísticas provavelmente ausentes nesta performance. Interpretações realistas carregadas de uma tensão contida por uma atmosfera ditatorial, em que este texto, trunfo do espetáculo, teve de ser autorizado.
Por um crivo semelhante teve de passar o defunto de uma travesti no curta OS SAPATOS DE ARISTEU, que você pode assistir no Porta Curtas clicando aqui. Neste caso, é a família da trava que recebe o corpo todo preparado para o enterro pelas amigas, e decide, de uma forma muito mais arbitrária do que esse temido governo do oriente médio, que ela será enterrada como um homem. Novamente, vemos um conflito próprio de um lugar como o nosso, que talvez outros não compartilhem. Em ambos os casos, filme e peça, vemos, seja no enredo, texto ou estética, o disfarce que a identidade da gente às vezes tem de se cobrir para poder traduzir para o mundo o que nos vai lá por dentro. O último filme a que nos referimos fará parte da Mostra Interiores. A peça iraniana nós aquendamos anteontem, no FIT 2011.



sexta-feira, 8 de julho de 2011

A REVOLUÇÃO DAS BICHAS

Bichas da Rio Preta!

É chegada a hora do fim de toda a opressão contra quem só está aqui para contribuir com o futuro da nossa sociedade, já que não é para trás que a coisa caminha. Companheiras, basta com toda essa superficialidade das siglas, esse desabafo de felicidade escondido na calada dos dark rooms, em salas de chat ou em blogs babacas como este. Vamos todas marchar contra a trivialidade das prateleiras onde nossos rótulos são aceitos e buscar o espaço devido no senso comum de toda a nação. Vamos derrubar as barreiras que nos separam da nossa dignidade e da nossa plenitude enquanto ser humano em tudo o que se pode ambicionar de uma existência completa, com respeito e consideração por todos as outras criaturas diversas como nós. Que se dê, portanto, A Revolução das Bichas, uma luta sem trégua contra um inimigo incrustado em nós mesmas, em nossas crenças pessimistas, em nossa pseudo-fragilidade e em nosso inveterado pouco caso. Exija agora mesmo de si a vida que você merece e derrube o que, apenas dentro de você, te diz o que você não deve dar ouvidos.
Assim inspirou-nos esse bonito trabalho da Cia Fractal, também levando aos mais novinhos, ou menos informadinhos, aquilo que talvez a literatura e nem mesmo o cinema tenham ainda conseguido imprimir, e que nos leve a nos levantarmos deste sofá, desta sala de jantar, deste colchão que a última melodia se refere, e que fica um pouco mais duro, conforme nos dê na consciência o papel que nós temos em mudar tudo isso. Fica a reflexão. Continue aquendando o FIT e a Mostra Interiores conosco.

RETRATOS DE SUA INCELENÇA


Só mesmo esta contingência desvairada para justificar a miscelânea de assuntos nas próximas postagens. O FIT está rolando em plena iminência da Mostra Interiores. A gente foi aquendar a abertura do Festival. Para começar, achamos que os churros estavam muito gelados na beira da represa, embora doces. As arquibancadas novamente deram conta de acomodar mais público, reduzindo a muvuca, e também serviram para dependurar algumas modestas faixas de protesto contra a Swift passar para a Secretaria de Educação. Para quem chega em cima do lance, a visão é muito complicada, assim como para quem se encontra em plena diurese por causa das cervejinhas dos arredores. Acabamos perdendo justo o comecinho que postamos ontem. Nossa sorte foi termos sido logo reconhecidas pelas autoridades presentes e prontamente encaminhadas para uma espécie de camarote VIP, pelas celebridades que obviamente somos. Mas lá naquele parquinho, o final da peça acabou nos perdendo para os banheiros químicos e o troco dos churros.
Os Clowns de Shakespeare fazem um serviço competentíssimo com o texto, seja nos momentos de fidelidade às linhas ou nas gags que ajudavam a aproximar o enredo do público, de umas milhares de pessoas empoleiradas em volta do anfiteatro. Queria estar mais perto para sentir a trilha que soava tão mágica no início, dando saltos de Queen a Alceu Valença, para o paladar do FIT, que é de mistura, sempre deliciosa, esteja o seu bucho pronto ou não para digerir isso. A sua Incelença não foi difícil, uma vez que o picadeiro tinha no seu rústico um requinte de sonho que nos ajudava hipnotizar. Teve na sua performance a originalidade de tantos outros que aqui já vieram e virão com fórmulas semelhantes. Funcionam, além de prestar um serviço muito nobre na divulgação daquilo que a Educação não dá mais conta, quem sabe dará da Swift.
Neste clima fomos reaquendar o último curta a ser exibido na Mostra Interiores: RETRATOS. Prata da casa, que não deve nada, ou muito pouco, a tudo que de muito brilhante já te colocamos a par e que você poderá fazer linda lá no SESC no final deste mês. Abaixo você confere o trailer desta produção da terrinha estrelando nossos dois colegas articulistas do Bom Dia neste FIT em uma versão bastante fiel à estória do Caio Fernando Abreu. Takes muito legais mas um clima um pouco down demais para se fechar uma mostra com o objetivo de promoção do orgulho e cidadania e tudo e fal. Pronto, falei. Aqui a gente também critica. Aquende o teaser.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

CENÁRIO PARA O FIT 2011


Na verdade, esta gracinha que você está vendo na foto é o da Sua Incelença Ricardo III, dos Clowns de Shakespeare, que logicamente encenarão um espetáculo dele como clowns. Isso você pode aquendar no vídeo abaixo onde eles também abrem o Festival de Curitiba. Os objetos rústicos, como lanternas, carroças, cavaletes e caixas ficaram elegantemente dispostos ao longo da manhã na Represa e nos estimulam a querer ver o espetáculo. Aqui o background será muito mais bonito. Além dos fogos, temos chafarizes. As canções parecem ser o forte do que o grupo do Rio Grande do Norte nos tem a mostrar. Estaremos lá. E você?

quarta-feira, 6 de julho de 2011

AGREGADAS NO FIT


AGREGADAS é uma estratégia educativa do GADA, Grupo de Amparo ao Doente de Aids, para conscientização do público LGBT sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Utilizando-se dos recursos cênicos inspirados nos coros gregos da antiguidade e da forma como a obra dos poetas era transmitida nos anfiteatros, desenvolvemos um texto e uma coreografia com o objetivo de chamar a atenção para a importância da auto preservação enquanto indivíduo e daquele a quem se ama, mesmo que tal “amor” seja transitório e baseado na busca pela obtenção do prazer. A responsabilidade por si e pelo outro é expresso em tom sério de tragédia grega, ao mesmo tempo em que a irreverência dos termos, máscaras e movimentação proporcionam uma sensação lúdica, que beira o cômico, conforme o espectador. Trata-se de um trabalho voltado para todos os ambientes, especialmente aqueles freqüentados pelo público LGBT, como uma caricatura do teatro em si, numa tentativa de se fazer desta mensagem tão importante do ponto de vista da saúde pública algo realmente contundente. Nós não estamos na programação oficial, mas vamos fazer nosso trabalho na fila da Swift e do SESI, aproximadamente 20 min antes do início dos espetáculos, às 20h40 e 22h40, na segunda-feira, dia 11 e sexta, dia 15. Aquende.



terça-feira, 5 de julho de 2011

UMA LAGARTIXA ATRÁS DO QUADRO

Cuidado com ela. Ela só quer anonimato. Ela só quer passar indistinta, ilesa e imaculada pela saga de viver um ser nulo, cancelado, interrompido por qualquer outra circunstância maior. Isso pode acontecer contigo na adolescência ou na terceira idade. Aqui, a bibinha interiorana teve o senso maquiavélico de engendrar a saída de seu pretendente da casa da qual a hospitalidade desfrutava pelo senso de conveniência. Repugnante, por parte do personagem. Edificante, enquanto filme. Vale a pena assistir SUSPEITO, mais um dos curtas fantásticos da Mostra Interiores, que rola em julho, logo depois do FIT.
Você, biba de coração aberto, porpourina, disposta a arriscar tudo por uma aventura, muito cuidado com essas interioranas, mineirinhas, caladas... elas são engenhosas. E quando mal resolvidas, perfeitamente capazes de acabar com a reputação de quem elas julguem ameaçar a delas, se é que você me entende. Aquende o curta, continue conosco. Nos próximos dias, vamos transitar entre a sala de cinema e de espetáculos. Releve a nossa contingência. Contribua para a nossa audiência. Sorria e dê o melhor de si. Ninguém peca por ter boas intenções, por mais que o inferno esteja pavimentado delas. Beijo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

SEM DIÁLOGO

Depois de uma tentativa no fim de semana de aquendar a Parada de Bady Bassitt, que não houve, voltamos ressurgidas das cinzas a tratar de São José do Rio Preto, onde é possível que também não haja parada LGBT em 2011, mas que abrigará esta mostra Pra-Lá-de-Digna que é a INTERIORES, e um dos curtas delícia que você terá a oportunidade de aquendar em julho no SESC é o DIÁLOGO. Dentro do "realismo poético" que seu diretor propõe com a exploração do potencial das imagens sobre o texto, nos surge um contexto de um relacionamento também sem texto, como tantos desses de plástico que vemos por aí, em que uma série de outras coisas se sobrepõem em importância ao entendimento verbal que os seres humanos são capazes de estabelecer, mesmo em toda a sua diversidade. Vago, mas indiscutivelmente realista e irreversivelmente poético, além de curto, o que é uma virtude de várias expressões audiovisuais dos nossos tempos.