quinta-feira, 12 de julho de 2012

MOVER-SE OU MUDAR-SE?

Todos sentaram-se ao redor do estacionamento onde disseram seria a peça. Corrigindo: performance. Não foi possível constatar o quanto o despojamento e a simplicidade da montagem interfeririam na paisagem urbana desta província porque os câmeras das emissoras, fotógrafos da prefeitura, produtores e classe teatral atrasada foram antecipadamente criando uma espécie de círculo, arquibancada, esquema que a artista  fez questão de intencionalmente quebrar desde o início, levando seu casulo articulado por caminhos irregulares, pouco práticos, obrigando o público acomodado nas sarjetas a levantar-se e mover-se atrás dela para obter algum ângulo de visão. Conseguíamos por vezes acompanhar suas tentativas em acomodar-se. ACOMODAR-SE. Mas ela mudou-se e todos nós nos movemos. Fico na dúvida sobre a melhor tradução de UMZIEHEN para o português: Mudar-se ou Mover-se?


 Pois é assim que me sinto nesse momento da eterna encruzilhada. Mudar-me? Mover-me? Qualquer dos caminhos que escolhemos nos leva ao desconforto das transições, não só para nós, mas também para os inocentes próximos do caminho, cuja inércia ameaçamos com as consequências do que não sabemos estar fazendo. Seja lá o que estivermos fazendo além da arte ou de sua apreciação, pouco temos de consciência ou de satisfação, como quem questiona se uma performance caótica que ameaça o público se contorcendo para ver a ser atropelado por um carro no cruzamento da Jorge Tibiriçá com a Antonio de Godoy é mesmo teatro. Quantos que passam por aquele trecho todos os dias não sentem algo parecido, olham para si, e se perguntam se isso que vivem é mesmo uma vida. 



E foram esses minutinhos da hora do almoço que dispendemos aquendando o que foi possível desta edição do evento, que já constituiu parte da razão de ser desta bloga. As restrições de tempo não existirão quando estivermos usufruindo da vida eterna. Por ora, segue esse um blog psiquicamente saudável, que não hesita em continuar agindo e existindo, mesmo que lhe faltem argumentos para tal. A gente viu mais uma peça deste FIT também. Não vamos deixar de reportar algumas de nossas escassas impressões. Merda para todos. 




segunda-feira, 2 de julho de 2012

PARADAS EM RIO PRETO

É inegável a crise diante da esporadicidade desta bloga. A cidade anda tendo concorrência bastante para deixar a gente mal acostumada, achando chato de vez em quando ser gay, pensando numa conversão evangélica ou outras convergências. A da vez foi a da GADA, onde eles puseram tudo que não puseram no ano passado e mais um pouco. Certamente muitos mais foram ver o show no final do que os que sapatearam contra o preconceito na Andaló. 


Nos jogamos literalmente de barriga na festa, sem esquecer da cerveja que nos norteiam rumo ao chão. A organização promete que na próxima parada os vendedores de cerveja também terão maquininhas de passar cartão, para elitizar um pouco mais a proposta. O que não se espera é que a novidade pode vir a lotar ainda mais o evento, com filas do cartão ainda maiores que a do banheiro químico.


Nas paradas holandesas, os restaurantes de fast food passavam a cobrar pelo uso do banheiro em suas dependências. Aqui na terrinha, o Habibs até fechou para as bichas não utilizarem suas exclusivas latrinas. É de se imaginar que a maior parte dessa gente toda esteja em plena diurese neste ponto do evento, de modo que as imediações vão sendo demarcadas de forma canina, embora lá no show os banheiros químicos parecessem suficientes para o alívio quase imediato.


Ainda assim a Parada é para a gente mostrar a nossa simpatia, o que nos sobra e o que nos falta. Há muitas que gastam o que não tem para serem quem realmente são. A gente se contenta com pedaços de sermos nós mesmos sem considerar se é realmente saudável aquilo que a gente engole quando o mundo decide que não vai adiantar os esforços que fizermos para caber nele.


É por isso que nessa noite todas se jogaram, só não as mais fiéis à próxima, que não tarda. Faremos o possível para comparecer, desculpando-nos de antemão se acabarmos fazendo como na última oportunidade que tivemos de ir ferver na faixa na Parada de Bady. Ficamos jogando UNO.



sábado, 2 de junho de 2012

As cores do coelho

Foi só pensar em falar novamente do Irã e rememorar o que já tínhamos visto no ano passado e registrado aqui que descobrimos que a incorporação do vídeo do trailer deles no nosso blog não estava mais autorizada. Apesar do desaforo, continuamos escolhendo essas paragens longínquas para entender a cabeça do homem de longe. Aqui, não esperem ver atores de lá. Creio, por algumas das características da pirandélica viagem de Nassin Soleimanpour White Rabbit, Red Rabbit . O anúncio de que o cenário é desnecessário e de que a peça não tem direção me faz procurar pelo cinto de segurança no meu assento. Porém, a coisa, acredite, vai consistir na leitura de trechos desconhecidos de texto pelos atores de um material que virá para eles lacrado, para que exista um elemento de improvisação e da incógnita reação diante do inesperado, em uma prática que vai certamente requerer certo charme e fluência de leitura dos participantes da brincadeira. Abaixo, a versão em inglês, para você não ir esperando um show da Broadway nem uma demonstração de dança do ventre. No link acima, o autor fala do próprio trabalho. Se você não entende inglês, é porque tem que estudar no CCAA Just Kids

terça-feira, 29 de maio de 2012

HIP HÓPERA MESTIÇA E ORFEU BRASILEIRO

Só pensar que eles poderão colocar aquelas arquibancadas duras para assistirmos espetáculos de duas horas como este no faz pensar duas vezes antes de sair comprando bilhetes a torto e a direito. Para isso nosso blog dá um gostinho de cada coisa que vai pintar por aqui para você aquendar com seus próprios olhos. Aqui o vídeo é tão bacana que novamente a gente se pergunta se vale a pena ir ver. O tema parece relevante e as canções bem executadas, por mais que o título deste blog sugira o quesito originalidade, que somente ao vivo você conseguirá se certificar. Leia sobre a peça no site do festival.

  

sexta-feira, 25 de maio de 2012

VOLTANDO POR FORA


Interrompemos a estagnação deste blog para entrar descaradamente na estação dos acontecimentos.
Começamos experimentando o cardápio do FIT a esmo, escolhendo entre os nomes dos espetáculos aquele que nos soasse mais forasteiro, por aquela atração que temos pelo que é de fora. Chamou-nos a atenção este nome KABUZIKA, que não fomos capaz de digitar, só colar. Fomos pensando, terá vindo tal peça lá daquelas bandas do Japão? ... Que surpresa! A coisa era da terrinha. Os atores bem familiares. Esta é mais uma prova de que uma parte de nós, rio-pretenses, ignora o que vai pelos palcos daqui o ano inteiro para prestar atenção nesses nossos conhecidos artistas só na época do FIT, geralmente pra ficar comparando com os outros, muitas vezes achando o alheio melhor.
Pensar que teremos a oportunidade de conhecer uma versão tão comprometida com a estética japonesa feita por brasileiros para brasileiro ver nos tranquiliza como seres humanos, no sentido que que um dia fizermos o investimento de nos deslocar e conhecer a Terra do Sol Nascente antes que um tsunami a engula, será realmente para mergulhar no mundo dos eletrônicos, uma vez que o teatro desses lados de cá do mundo já tem bastante influência do que talvez se faça por lá. Não viajaria ao Japão para assistir teatro assim como também não viajaria para Nova Iorque. Esbanjo o glamour do meu mês de julho na internacional cidade do teatro, ブラックリバー



                                                                             beberás da água daqui?



quarta-feira, 25 de abril de 2012

QUIZ DA MUDANÇA



Que saudade de vocês! Estivemos nos últimos meses ocupados em conceber considerações elevadas e relevantes sobre a mudança. Mudar não é fácil. Portanto, tivemos de entrar em um processo de profundas reflexões sobre o tema e nos desafiamos, com parcial sucesso, a empreender pequenas alterações na nossa configuração espiritual. Siga o QUIZ.  

1 – O que é mudar?



A – Ir para o lugar onde eu deveria ter nascido, ou de onde eu vim ou para onde eu vou, resgatando a antiga Graneiro. .
B – Transgenitalização.
C – Ser, ter, ver, sentir algo diferente. 

2 – Qual é a sua atitude em relação à mudança?




A – Sigo mesma e absoluta dia a dia, 
como exata cópia de mim mesma.
B – Apenas colocamos as roupas de outras pessoas,
 pronto plagiei.  
C – Naturais e permanentes como meus calos, eu mudo. 



3 – Qual é a mudança mais urgente em sua vida no momento?




A – de emprego – endereço
B – de relacionamento – religião
C – de dieta – mentalidade  


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4 – Qual é a coisa em sua vida que nunca vai mudar?


A – A minha sina.
B – A minha inconstância.
C – A minha autenticidade. 

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5 – O que mais muda, transitivamente falando?

A – O tempo.
B – A grana.
C – A vida.



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domingo, 22 de abril de 2012

NOSSA HISTÓRIA



Patrícia Nascimento e Gustavo Nascimento interpretam canção de PH e Julio Bellodi.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

RIO PRETO TERÁ TRÊS PARADAS EM 2012

Para quem ainda não considerava São José do Rio Preto como a capital gay dos sertões deste país, o místico ano de 2012 será marcado pela ocorrência de pelo menos duas paradas gays na mesma cidade. Depois de toda a polêmica envolvendo a não realização da parada do GADA no ano passado, e a acirrada campanha da Parada É Nossa movida pela incansável Abigail Rosselini, que resultou numa mini-parada de fundo ideológico, político, pseudorevolucionário, a ONG multiuso resolveu desenbolsar mundos e fundos para fazer a parada mais apoteótica da América Latina, sempre respeitando a supremacia da capital paulista. DJs caros, hostesses popularésimas, prêmios em dinheiro para as pessoas mais bem vestidas ou mais bem malhadas, show de umas dessas celebridades que já vieram à Mixed, e tudo e tal.

O despeito foi grande e a concorrência se faz acirrada nas redes sociais. A primeira parada a acontecer será a do GADA, com a bênção da prefeitura. A segunda, com data marcada para o dia 29 de julho, será em tom de protesto contra a primeira, mas também pelos legítimos direitos LGBT. Outro dia no face, a nossa diva rio-pretense discorria sobre o direito de fazer os bofes nos banheiros do shopping center. Achei digno.

Vamos às duas. O que esta terra talvez ainda não esteja ciente, é de que há planos sub-reptícios de se promover mais paradas ainda em Rio Preto em 2012, antes do fim do mundo. Corre por aí a idéia de uma parada lésbica e outra bissexual, sem deixar de contar aquelas ridículas paradas do orgulho hétero, promovidas pelos evangélicos, e a avenida Alberto Andaló será o lugar da face da terra com mais paradas gays ao longo deste fastídico ânus de 2012.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

QUIZ DO CURSO DE INGLÊS

Você está praticamente tornando-se um estrangeiro em seu próprio país. Não é capaz de entender as embalagens dos produtos que compra no supermercado, não consegue entender as expressões que os jornais usam, que seus filhos usam, os vídeos que as pessoas lhe recomendam que assista. Está em vias de ser desligado de sua firma porque não domina nenhuma língua estrangeira. Nunca teve a pretensão de sair do país, mas o estrangeiro já chegou até você e não há para onde fugir. Escolas de idioma, há uma em cada esquina, agora só não procure nenhuma escola de ensino regular, pública ou privada, para aprender inglês, porque ela não vai lhe ensinar, nem aos seus alunos.

COMECE A RESPONDER AO QUIZ CLICANDO AQUI

1 – Para quê aprender inglês?

A – Para falar com o pai de minha futura filha.

B – Para Olimpíadas/Copa do Mundo.

C – Para uma ferramenta a mais para entender o mundo.

2 – Onde aprender inglês?


A – Na internet / cinema

B – No vídeo game / redes sociais

C – Em uma escola de idiomas

VÁ PARA A PERGUNTA 3 CLICANDO AQUI

3 – Como deve ser o meu professor de inglês?


A – Nativo

B – Gostoso

C – Formado

VÁ PARA A QUATRO CLICANDO AQUI

4 – Qual é o método mais eficaz para se adotar em curso de inglês?


A – A estória do desconto

B – Sorteio de brindes

C – Mero preço de banana

CLIQUE AQUI PARA A ÚLTIMA PERGUNTA

5 – O que é que eu mais considero e percebo ao avaliar uma boa escola de idiomas?


A – O estacionamento

B – A pintura das paredes e a decoração

C – O valor da mensalidade

sábado, 21 de janeiro de 2012

HARLEN FELIX NA TARTARUGA

A vida de intensidade constante deixou inconstantes as páginas do blog neste mês de janeiro. Sem tentar prometer tanto, a gente já tenta começar cumprindo. Embora tenhamos deixado passar mais um sucesso do Janeiro de 1,99 deste ano, marcamos presença no seu fechamento nas suntuosas e inababescas instalações da Fábrica de Sonhos, para testemunhar com os nossos próprios olhos o resultado do processo instantâneo do nosso amigo Harlen Félix na pele de Jesus da peripatética ceia concebida e encenada por Ricardo Matioli. A referência aos personagens bíblicos nos nomes dos integrantes da família que aguarda o pai que nunca chega, em situação inspirada no teatro do absurdo, funciona como mais um dos acessórios hipnotizantes da performance, sua trilha mântrica, maquiagens luminosas refletindo num verde nauseabundo, girando ensandecidas em volta da mesa de metal com uns vestidinhos ultra fashion, que eu mandaria fazer igual para mim se fosse magra.

Magras e belas estavam todas elas, incluindo a virtuosa performance do nosso showman votuporanguense, homem de muitas facetas, absolutamente tomado pelas musas do teatro, em meio ao delicado terreno da regionalicidade desta aldeia FIT e a fogueira do forno à lenha das vaidades interioranas. O público seleto deu conta de lotar o espaço – faço votos pela manutenção do preço, maior tradição do evento, que já abre seu leque para englobar peças adultas, sessões malditas e espetáculos ousados. Nem vimos os outros. Logicamente, quando nossos cumpadres estiverem na vitrine em julho a coisa já estará bem mais desenvolvida, seja para qual lado, embora Harlen Felix já nos tenha confidenciado em primeira mão que sua grande meta já foi alcançada: brilhar no face sob as lentes de um dos fotógrafos mais desejados da cena rio-pretense: Ricardo Boni.